Onze anos desde que Partiste!
11 anos Pai. Longe vai o tempo em que pequeno te acompanhava aos jogos de futebol. Longe vão os tempos em que, já homem e pai, me sentava e conversava contigo. Tenho saudades. Tenho de te agradecer tudo o que contigo aprendi mesmo quando parecia um péssimo aluno. Mesmo o teu enorme grau de exigência que tanta revolta me criava me faz imensa falta. Hoje, procuro colocar em pratica tudo o que aprendi contigo e com a minha mãe.
Hoje digo sempre às minhas filhas o quanto gosto delas, hoje tento sempre demonstrar-lhes o enorme orgulho que sinto nelas. E não pai, não sou exigente com elas, tento fazer algo que me ensinaste, "ser justo". Hoje pai, tenho a certeza que adorarias ver a Ana de "capa e batina", com um ar super parecido com aquela mulher por quem te apaixonaste quando ela tinha 10 anos e com quem partilhas-te a tua vida, estou certo, que mesmo para além da morte. O Orgulho que não sentirias ao olhar para a Mariana e ver a senhora que ela está, linda e ponderada, a fazer amigos em todo o lado, algo que herdou de mim como eu de ti. E sabes, pai. Elas também sentem saudades tuas. E lembram-se tanto de ti.
Sabes pai, a vida não tem sido fácil nestes 11 anos, mas existem marcas que me deixaste para a vida. Uma delas é que não tenho coragem de estar longe das minhas filhas porque sinto sempre o que sofreste quando estavas longe a trabalhar e não nos vias crescer. Como te deve ter custado pai. Sempre que penso em ir para qualquer lugar tentar a minha sorte, lembro-me de ti e penso sempre nisso. Como te deve ter sido insuportável trabalhar longe dos teus e não teres o aconchego deles. Eu sei quanto me custava não estares perto, e essa foi mesmo mais uma das enormes lições de vida que me deste. Eu quero estar perto delas e quero que elas me tenham por perto.
Sei que onde estás continuas a velar por todos nós, naquele teu jeito de "homem duro" que não demonstra sentimentos. "Um Homem não Chora"! Mas desculpa, pai. Essa não consegui aprender, e enquanto te escrevo isto as teclas estão confusas devido às lágrimas que teimam em cair.
Até sempre "paizinho".